TPC para Mulheres

TPC MULHER

TPC para Mulheres

A algum tempo se discute o uso de Terapia Pós-Ciclo (TPC) para mulheres.

Diferente dos homens as mulheres não precisam recuperar o eixo hormonal (eixo HPT nos homens, hipotálamo-pituitária-testicular).
No entanto elas podem sofrer uma série de colaterais durante e após o ciclo de esteroides,
devido ao desequilíbrio hormonal, colaterais principalmente relacionados ao efeito androgênico dos esteroides,
e não como alguns (eu mesmo) atribuíam ao efeito rebote de estrogênio pós-ciclo.
 
Os colaterais virilizantes como hirsutismo (crescimento de pelos, incluindo na face), alopecia androgenética feminina (queda de cabelo),
hipertrofia do clitóris, engrossamento da voz, redução dos seios, podem ocorrer durante o ciclo.

Acne, oleosidade da pele e amenorreia (ausência de ciclo menstrual) são colaterais muito comuns também e muitas vezes bem preocupantes, principalmente após o ciclo, e também são resultantes do efeito androgênico dos esteroides, mesmo com a queda nos níveis androgênicos após o ciclo.
Acredito que parte desses efeitos colaterais pós-ciclo são resultantes do fato de androgênios reduzirem níveis de SHBG
(globulina ligadora dos hormônios sexuais), aumentando os níveis de testosterona livre.
 
[Portanto mesmo com o fim do ciclo o desequilíbrio hormonal gerado durante o ciclo, pode gerar uma série de colaterais pós-ciclo.
Colaterais como queda da libido, depressão e aumento da gordura são basicamente resultados do crash hormonal após o ciclo
(queda dos níveis androgênicos).
Enquanto colaterais como acne, queda de cabelo e amenorreia são resultado possivelmente do efeito androgênico da testosterona livre,
aumentada pela redução dos níveis de SHBG causada pelos esteroides.
Como existem duas origens distintas para os colaterais pós-ciclo em mulheres isso causa muita confusão
para se montar um protocolo TPC para mulheres.
A melhor forma de prevenir esses colaterais é tendo cautela durante o ciclo, nas doses, combinações de drogas, tempo de uso.
Os SERM’s (tamox e clomid) podem ter sua utilidade em uma TPC feminina, mas não para evitar efeitos de rebote do estrogênio,
como erroneamente se pensava, e sim para estimular o retorno do ciclo menstrual, e
atenuar aumento de gordura (causado pelo crash hormonal dos androgênios).Já que essas drogas são antiestrogênicas no tecido adiposo, e o tamoxifeno também pode ajudar na melhora do perfil lipídico.
O Dr. Michael Scally, renomado estudioso de protocolos TPC para homens é contra o uso dessas drogas em uma TPC feminina,
principalmente no caso dos inibidores de aromatase, que vão reduzir estradiol nas mulheres (principal hormônio feminino).
Segundo o Dr. Michael Scally o melhor para reduzir os colaterais pós-ciclo no caso das mulheres seria reduzir as doses gradativamente
no final de um ciclo até a menstruação retornar.
 
Também acredito que essa seja uma das melhores alternativas, mas ainda assim acho válido o uso de SERM’s (tamox, clomid),
para estimular o retorno do ciclo menstrual (visto que esse pode levar mais de 2-3 meses para retornar em algumas mulheres),
e controlar efeitos estrogênicos pós-ciclo.
De qualquer forma agora você percebe que essas drogas não têm tanta relevância em uma TPC feminina, como se acreditava antes.
As doses usuais são de 10-20mg por dia de tamoxifeno ou 50-100mg por dia de clomifeno por média de 4-8 semanas, ou até retornar a menstruação. Lembrando que essas drogas estimulam o hormônio luteinizante (LH), que estimula a ovulação, então é bom ter cuidado para não engravidar após o ciclo.
 
Outra classe de colaterais que ocorrem após um ciclo de esteroides são os de origem androgênica, possivelmente pelo aumento da testosterona livre (devido a redução do SHBG pelos esteroides androgênicos). Entre esses colaterais (hirsutismo, queda de cabelo, etc), o mais comum é a acne.
Aqui existe uma complicação adicional, visto que por serem de natureza androgênica o controle ou redução desses colaterais envolve o uso de drogas antiandrogênicas (espironolactona, acetato de ciproterona), que por bloquearem efeitos androgênicos vão acabar resultando em efeito catabólico, principalmente se usadas logo após o ciclo de esteroides.
Em casos mais agressivos de sintomas de hiperandrogenismo (hirsutismo, acne, queda de cabelo) pós-ciclo o mais comum é o uso de espironolactona em doses que variam de 100 a 200mg por dia.
Por isso acho que o mais importante é ter cautela durante o ciclo para não sofrer com os colaterais pós-ciclo e acabar no fim das contas jogando seus ganhos no lixo.

Algumas mulheres podem também querer fazer uso de um contraceptivo oral (estrogênio, progesterona, que ajudam a elevar níveis de SHBG,
reduzindo testosterona livre durante ou logo após o ciclo para atenuar os colaterais, mas isso também vai atenuar os efeitos anabólicos dos esteroides.
 

Exames hormonais importantes para uma mulher após o ciclo são LH, FSH, estradiol, progesterona, prolactina, SHBG, testosterona total e livre.

 

A melhor prevenção para a mulher que quer evitar colaterais agressivos após um ciclo de esteroides é a cautela com a estrutura do ciclo,
(doses, combinações, tempo de uso), e também a estratégia de ir reduzindo as doses gradativamente nas últimas semanas.

Exemplo:
Então se você faz um ciclo com 30mg por dia de oxandrolona por 6 semanas, nas 2-4 semanas seguintes você pode ir reduzindo a dose para 20 e depois 10mg por dia. Nessa fase você não terá ganhos adicionais, apenas vai atenuar os efeitos do crash hormonal pós-ciclo.
O uso de drogas antiestrogênicas, antiandrogênicas e contraceptivos orais devem ser considerados de acordo com a gravidade dos colaterais,
e lembre-se que algumas dessas drogas (antiandrogênicas e contraceptivos orais) podem ser poderosas para reduzir colaterais (principalmente virilização), mas também vão reduzir significativamente seus ganhos, então o melhor é evitá-las sempre que possível.
O restante do protocolo TPC, incluindo dieta, treino e vitaminas pode ser seguido na forma padrão, como na referência.

Por: Dudu Haluch